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A mostrar mensagens de abril, 2020

INTEIRA

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O Pandemónio, a habitação dos diabos todos. De todos os sedentos da ampliação do ser. De todos os famintos por conhecer. O lugar onde se libertam as amarras que nos enforcam, O espaço circunscrito à infinidade do querer. O tempo sorvido pela insatisfação incessante. O Pandemónio, a reunião dos inquietos. Dos possuídos pela dúvida e pelo belo. Dos insanos lúcidos e dos esquecidos. O refúgio dos esboços amarfanhados, Onde se podam as raízes do mofo, Dando espaço à fermentação cultural. Que se cantem os dramas! Que se dancem as narrativas! Que se pintem os corpos! Que se esculpam as paisagens! Que se encenem as canções! Que se escrevam os gestos! Que se representem os versos! Seja este o momento dos devaneios, Da exaltação da descoberta insatisfeita, Da partilha do alvoroço dos sentidos. O Pandemónio, o descanso da criação, O depositório vivo, buliçoso, carregado de cor, O repouso dos artistas. Pandemonium, «habitação dos diabos todos» Para cons

INTEIRA

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De onde me vêm estes sons, Contornos de palavras, Ainda em forma de massa, Que flutuam na minha boca, Pesados. Mal forjados e prematuros, Fervilham dentro de mim, Quase rasgando o meu ventre, Queimando-me com seus gritos Gélidos. São procriadores desta dor, Desta dúvida constante e insana, Que roça as bordas da loucura E me mergulha neste estado febril. Violento. Preciso que nasçam, Que se enlacem graciosamente E me libertem deste desassossego. Minhas crias, desamarrem-se de mim e sejam, Voz. Meu corpo é agora eco, Onde dançam novos sussurros, Sedentos de vida, promíscuos. Vindos de entranhas que me são estranhas, Parasíticos. Entrego-me aos devaneios, Desta criação diabólica. Sou mais lúcida nesta cegueira, Que me permite ser eu, Poeta. Daímon, «demónio» (Para consultarem mais formas de arte, acedam aos Links) https://instagram.com/plataforma.do.pandemonio?igshid=1rnbm3uzcoom1 https://www.facebook.com/Plataforma-do-Pandem%C3%B3nio

INTEIRA

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Estende-se o azul do céu Sobre a cidade em repouso. Quase se adivinham as estrelas, Quase se avizinha a lua. Abraça os sorrisos soturnos, Abarca os abraços longíquos, Polvilha-os com poeira de esperança, Adormece-os num colo sagrado. Todos estes gestos ao som de um canto divino, Que nos fez acordar desta insónia, Apática, mecânica, macilenta. E nos juntou numa dança mais humana. Voltamos todos a beber do seio familiar, A viver uns nos outros, os sonhos. Saciemos esta vontade que foi a apagada, Dancemos com a saudade, Encontremo-nos no sossego, Aprofundemo-nos, sem que nos afundemos No apetite do conhecimento, insaciável, Expectante no fim do fio do pŕoximo suspiro. Estendamos também um céu, Sobre o mundo inquieto e estarrecido, Neste ensejo para redescobrir A saudade e o desejo de reflorescer. Pãn, «todo» +dẽmos, «povo» +-ia (Para consultarem mais formas de arte, acedam aos Links) https://instagram.com/plataforma.do.pandemonio?igshid=1rnbm3uzcoom1

CORPO

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De punhos fechados De olhos cerrados, Que comece o armistício. Os músculos rígidos, A língua mirrada, A lua semi-cerrada. Os cabelos emaranhados. Os pensamentos amarfanhados. Os sentidos aguçados. Não há fadiga que se desminta. Os corpos carregam o peso, Obeso sobre o esqueleto. Com tanta fome, O estômago secou. De guerra. De cor vermelha, Rasgada, arrancada dos ossos. A humanidade esfarrapada. Só a fé sobrevive, Irracional e infundada. Sob forma de instinto. Que se dane! Não se aguenta esta sede. Que se rompa o armistício. Queremos guerra, Queremos cor nesta negrura. Descerrem os punhos. Peguem nas armas. E façam-se homens, Se têm bravura! Amassa, Mata, Aniila Abate-te sobre o outro Que era o próximo. Liberta o animal! Prende o Homem. Que se dane a palavra. Paz

CORPO

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Nas brumas da memória, Erguem-se os corpos do passado. De mãos atadas ao presente, Debato-me nas suas sombras. Sinto o seu bafo gélido, Que sorve o meu ar. Impiedosas, possuem o meu pensamento, Extirpam-me deste momento. O agora é passado. O passado é agora. Quero-me cega! Quero-me surda! Sou faminta de voz, Para que grite e fira quem me escuta Da ruína do que já foi, E de onde eu não fui. Volto a mim, e vejo. Cega e de alma escura, Empastada de vivências pesadas, Que me fazem arrastar, descalça. Pela vida. Tempo uno https://youtu.be/edPOnQ5QwF8 Fotografia de Tiago Cruz