INTEIRA
De onde me vêm estes sons,
Contornos de palavras,
Ainda em forma de massa,
Que flutuam na minha boca,
Pesados.
Mal forjados e prematuros,
Fervilham dentro de mim,
Quase rasgando o meu ventre,
Queimando-me com seus gritos
Gélidos.
São procriadores desta dor,
Desta dúvida constante e insana,
Que roça as bordas da loucura
E me mergulha neste estado febril.
Violento.
Preciso que nasçam,
Que se enlacem graciosamente
E me libertem deste desassossego.
Minhas crias, desamarrem-se de mim e sejam,
Voz.
Meu corpo é agora eco,
Onde dançam novos sussurros,
Sedentos de vida, promíscuos.
Vindos de entranhas que me são estranhas,
Parasíticos.
Entrego-me aos devaneios,
Desta criação diabólica.
Sou mais lúcida nesta cegueira,
Que me permite ser eu,
Poeta.
Daímon, «demónio»
(Para consultarem mais formas de arte, acedam aos Links)
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