CORPO




Nas brumas da memória,
Erguem-se os corpos do passado.
De mãos atadas ao presente,
Debato-me nas suas sombras.

Sinto o seu bafo gélido,
Que sorve o meu ar.
Impiedosas, possuem o meu pensamento,
Extirpam-me deste momento.

O agora é passado.
O passado é agora.
Quero-me cega!
Quero-me surda!

Sou faminta de voz,
Para que grite e fira quem me escuta
Da ruína do que já foi,
E de onde eu não fui.

Volto a mim, e vejo.
Cega e de alma escura,
Empastada de vivências pesadas,
Que me fazem arrastar, descalça.

Pela vida.




Tempo uno



Fotografia de Tiago Cruz

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