PARTO


Uma vez expelida, esta voz,

Que frenética em mim se alojou,

Parasita do meu pensar,

Suga-me o meu cerne.



Atordoada, já não giro em torno de nada.

Sou dispersa, sou bocados de mim.

Arrancados pela sua força sobre-humana.

Que insiste em ser hospedeiro em dias soalheiros, em dias negros.



Meus olhos vêem paisagens ondulantes,

Que me fazem perder o equilíbrio.

Esgotada de mim própria,

Exposta pela materialização da minha essência.



Escorre meu suor pela minha pele, fria.

Minha boca balbucia réstias do que escrevi.

Minhas mãos tremem,

E num arrepio, desfalece num último suspiro.



Num respirar nauseante,

Volto ao solo que abandonei.

Como se mudasse a sensação de tempo,

Perco-me nesse limbo sufocante.



Meu corpo jaz ao som de uma marcha fúnebre,

Minha mente não resiste mais.

Rendo-me, fico sem voz,

Pálida, esvaio-me em paz.


Como que possuída, regresso

Comentários

Mensagens populares deste blogue

OCA

PARTO

PARTO