CARTA VI
Adeus. Adeus. Penso que não me volto mais a mim. Nem a ti. Nem a nada. Já morri. Só não me consigo livrar deste corpo. Imundo, inútil, partido, pútrido. Sou pequenina. Muito, muito pequenina. Como pó, como o pó que sacodes dos livros. Sou uma pedra num sapato vazio. E o que resta de mim é o que até agora fui, mas que nem sei dizer o quê. Adeus. Se me encontrarem pousada na rua, deixem-me lá. Ou enterrem-me. Ou como quiserem. Porque eu não quero nada além. De morrer. Não me chorem, nem se pintem de preto, nem tragam flores. Essas não servem aos mortos, Só aos vivos. Adeus. pH: Tatiana Delgado