CORPO


Sem norte, vagueio pelo arvoredo,
Onde o nada é tudo,
Onde eu sou negação física,
E meu ser me transpõe.

Sigo neste enredo utópico,
Em que nada é palpável,
Em que tudo é quimérico.
Sigo bucólica.

Sou vagabunda do pensamento,
Que efervesce em sentimento,
Que se arrebata perante a beleza bárbara,
Perante a miséria pulcra.

Seja esta a condição mais pura do ser,
Que nos faça exaltar, autónomos da subordinação ao mundo.
De sentidos apurados, de visão cristalina,
Pela independência, parte de carne da liberdade.

Deixo-me fustigar pela rugosidade,
Arrasto-me despida para que sinta a dor.
Que esta me dê humanidade,
Me cure a cegueira civilizada.





Essência orientadora


ph: Tatiana Delgado

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