OCA
Imagens. Frenéticas.
Estímulos. Impulsos.
Nós, seres inteligentes, racionais, dizem.
Inventamos autómatos que nos domesticaram.
De olhos fixos, em êxtase,
Bebemos todo o colorido e ruído.
Em catadupa, cuspidas solicitações virtuais.
Urgem em atafulhar meus sentidos.
Uivam! Mais reais que as que me tocam.
Por serem sempre novas, entusiasmantes.
Rápidas. Vidas que não as nossas.
Mas tão forçosamente semelhantes.
Como uma música cuja letra nos toca.
Porque a todos toca, de igual modo.
Aparências que esvoaçam.
E que como ondas, esbatem-se contra o rochedo,
Do carácter, da personalidade.
Gasta da mudança física.
Socialmente insaciável.
Ilusória. Matéria morta,
Onde depositamos tanta alma.
Onde recai nosso primeiro olhar.
Não é na voz. Não é no espelho da alma.
É no corpo. É no palpável.
Que se esvai por entre as palavras,
Que morre com o tempo.
É nessa excitação que nos roçamos.
Naquilo que se perde.
Por isso somos tão inseguros.
Porque amamos o que sabemos estar de partida.
O contorno. Não o conteúdo.
Que seja a beleza que vemos,
Reflexo do ser. E que ele exista,
Nos gestos e no timbre da sua essência.
Conhecemo-nos à superfície.
Pouco permitimos que nos venha à tona.
Vestimos uma pele que nos faz todos iguais.
E assim estamos mais estáveis.
Aspecto. Tão maleável por nós.
Tão ajustável à mudança.
Quão poderosos nos faz sentir.
Quão inseguros estamos.
Assentes nas constantes actualizações.
Sempre débeis, que jazem ao nascer.
Deslizamos na eleição do protótipo mais perfeito,
Ansiando sê-lo, em vão.
Não te dou tempo. Não!
Tempo é dinheiro.
E dinheiro é o que move a vida.
Não a vontade, não a contemplação.
Que não percas tempo.
A ver e a cheirar. Isso não é já mecânico?
Anda. Esvazia-te. Cospe-te.
Aceita o que te dou. Não hesites.
Ou ficarei magoada.
Toda a gente sabe, só tu não.
Agradece-me por te contar.
Eu não paro. Tudo isto é fundamental.
Fará de ti um Homem.
É o que dizem. Repete vezes sem conta.
Para que nem te apercebas das barbaridades,
Que da tua boca saem.
Ser-te-á útil. E o que se usa,
Deita-se fora. Porque se esgota.
Consome! Tudo! Mastiga.
É uma amálgama de factos.
Soltos e dispersos.
Como nós, tão pequenos e perdidos.
Prepara-te. Certificar-me-ei se já o sabes.
E se te esqueceste de a ti te procurar.
Vomita tudo que te ensinei!
Já te disse! Quero-te despejado!
Para que mais te possa contar.
Aquilo que todos esquecemos.
Aquilo que não aprendemos.
É resposta a um estímulo.
Lutamos pela sobrevivência.
E não temos tempo para devaneios.
Tarefa cumprida.
Que satisfeita que estou.
Agora mereço descanso.
Agora que nada sei.
Cansada, nem me dou conta.
Do quão vulnerável estou.
Agora que não tive tempo para me ser.
Agora que sou mais um produto.
No meio de todos os outros.
Formatados, iguais.
Que reagem como animais.
E dizem eles, somos racionais.
Frenéticos. Entretidos.
Sozinhos. Apagados.
Estímulos. Impulsos.
Nós, seres inteligentes, racionais, dizem.
Inventamos autómatos que nos domesticaram.
De olhos fixos, em êxtase,
Bebemos todo o colorido e ruído.
Em catadupa, cuspidas solicitações virtuais.
Urgem em atafulhar meus sentidos.
Uivam! Mais reais que as que me tocam.
Por serem sempre novas, entusiasmantes.
Rápidas. Vidas que não as nossas.
Mas tão forçosamente semelhantes.
Como uma música cuja letra nos toca.
Porque a todos toca, de igual modo.
Aparências que esvoaçam.
E que como ondas, esbatem-se contra o rochedo,
Do carácter, da personalidade.
Gasta da mudança física.
Socialmente insaciável.
Ilusória. Matéria morta,
Onde depositamos tanta alma.
Onde recai nosso primeiro olhar.
Não é na voz. Não é no espelho da alma.
É no corpo. É no palpável.
Que se esvai por entre as palavras,
Que morre com o tempo.
É nessa excitação que nos roçamos.
Naquilo que se perde.
Por isso somos tão inseguros.
Porque amamos o que sabemos estar de partida.
O contorno. Não o conteúdo.
Que seja a beleza que vemos,
Reflexo do ser. E que ele exista,
Nos gestos e no timbre da sua essência.
Conhecemo-nos à superfície.
Pouco permitimos que nos venha à tona.
Vestimos uma pele que nos faz todos iguais.
E assim estamos mais estáveis.
Aspecto. Tão maleável por nós.
Tão ajustável à mudança.
Quão poderosos nos faz sentir.
Quão inseguros estamos.
Assentes nas constantes actualizações.
Sempre débeis, que jazem ao nascer.
Deslizamos na eleição do protótipo mais perfeito,
Ansiando sê-lo, em vão.
Não te dou tempo. Não!
Tempo é dinheiro.
E dinheiro é o que move a vida.
Não a vontade, não a contemplação.
Que não percas tempo.
A ver e a cheirar. Isso não é já mecânico?
Anda. Esvazia-te. Cospe-te.
Aceita o que te dou. Não hesites.
Ou ficarei magoada.
Toda a gente sabe, só tu não.
Agradece-me por te contar.
Eu não paro. Tudo isto é fundamental.
Fará de ti um Homem.
É o que dizem. Repete vezes sem conta.
Para que nem te apercebas das barbaridades,
Que da tua boca saem.
Ser-te-á útil. E o que se usa,
Deita-se fora. Porque se esgota.
Consome! Tudo! Mastiga.
É uma amálgama de factos.
Soltos e dispersos.
Como nós, tão pequenos e perdidos.
Prepara-te. Certificar-me-ei se já o sabes.
E se te esqueceste de a ti te procurar.
Vomita tudo que te ensinei!
Já te disse! Quero-te despejado!
Para que mais te possa contar.
Aquilo que todos esquecemos.
Aquilo que não aprendemos.
É resposta a um estímulo.
Lutamos pela sobrevivência.
E não temos tempo para devaneios.
Tarefa cumprida.
Que satisfeita que estou.
Agora mereço descanso.
Agora que nada sei.
Cansada, nem me dou conta.
Do quão vulnerável estou.
Agora que não tive tempo para me ser.
Agora que sou mais um produto.
No meio de todos os outros.
Formatados, iguais.
Que reagem como animais.
E dizem eles, somos racionais.
Frenéticos. Entretidos.
Sozinhos. Apagados.
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