PARTO
A demência é mãe da obra de arte.
Na revolta imensa,
Numa dor intensa,
É a mulher que a pariu.
Salpica com sangue a tela da alma,
Conspurca a matéria que a acomete e acorrenta neste mundo,
Injuria os cegos e os indolentes,
Vocifera desde as entranhas e ganha vida.
O meu corpo está desfeito,
É vontade, é o meu ser.
É abstracção, é liberdade.
Sou força incorpórea e soberana.
Transpiro o desejo,
A volúpia dos meus pensamentos,
Cuspo o pecado,
A lascívia dos meus sentimentos.
Esculpo na rude matéria da vida,
Aquilo que sou.
Em momentos de loucura.
Em momentos de lucidez
Arte
Comentários
Enviar um comentário